Garçom que matou vereador e feriu dois homens em Camocim é denunciado pelo MP do Ceará

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou, nesta quinta-feira (5), o garçom Antônio Charlan Rocha Souza, acusado de matar o vereador César Veras e ferir outros dois homens. O garçom golpeou a vítima com uma facada no pescoço, e ainda feriu o dono do restaurante e um cliente. O crime aconteceu em Camocim, no litoral oeste do Ceará.

A Promotoria de Justiça considerou que o garçom agiu de maneira que impossibilitou totalmente a defesa das vítimas, e que a motivação do crime foi fútil. Ele foi denunciado por homicídio e tentativa de homicídio.

A Polícia Civil disse que Charlan teria cometido o crime motivado pelo suposto assédio moral que sofria no restaurante onde o homicídio ocorreu. A família do vereador contestou a versão que o garçom teria agido motivado por assédio moral, e apresentou novas imagens de câmeras de segurança que mostram a ação do garçom antes do crime. Com isso, o MP chegou a pedir que a Polícia analise e inclua os novos vídeos no inquérito em até dois dias.

A TV Verdes Mares teve também acesso às imagens entregues pela família à polícia. Assista no vídeo no topo da reportagem.

Vereador morto e dois feridos
César Araújo Veras, de 51 anos, foi morto após ser esfaqueado na região do pescoço pelo garçom Antônio Charlan Rocha Souza, que trabalhava no restaurante onde o vereador tinha acabado de chegar.

Além do político, outros dois homens também foram esfaqueados: o dono do restaurante, Euclides Oliveira Neto, de 55 anos; e um cliente que estava no local, identificado como Fábio Roberto de Castro Sousa, de 56 anos.

As novas imagens que o MP pede que sejam incluídas no inquérito mostram o garçom Antônio Charlan, cerca de três horas antes do crime, próximo a um colega de trabalho que estava amolando a faca que, mais tarde, Antônio Charlan usaria para matar César Veras e esfaquear outros dois homens.

O novo vídeo também mostra o garçom voltando ao local onde estava a faca, um pouco antes do crime, e pegando o objeto sem que o colega de trabalho perceba. Pouco depois, Antônio Charlan inicia o ataque ao vereador. Logo após o crime, o garçom saiu correndo, entrou no seu carro e fugiu.

O advogado Glauberson Costa, que representa a família do vereador, afirma que a tese apontada no inquérito policial, que a ação teria sido motivada por assédio moral que Antônio Charlan supostamente sofria no restaurante, “não vai ser aceita”.

“A família não descarta nenhuma possibilidade. No entanto, essa versão apresentada para a família não aceitamos. Não acreditamos nesta primeira linha, que seria por conta do local de trabalho. Com o passar das investigações, é claro que, muita coisa deverá ser elucidada, inclusive quem poderia ter feito, a mando de quem, a ordem de quem”, diz o advogado.

Versão da polícia
O inquérito é um procedimento de investigação, conduzido pela polícia, que tem como objetivo colher provas e investigar a dinâmica do crime. O inquérito é usado para embasar a ação penal, ou seja, o serve de base para o processo que o réu vai responder na Justiça.

Conforme o inquérito da Polícia Civil, o crime teria sido motivado pelo suposto assédio moral que o garçom sofria no trabalho.

“Indícios existem de que Charlan queria atacar de alguma forma a pessoa de Euclides, motivo pelo qual o indiciado marcou ele e os melhores amigos do dono do estabelcimento, aqueles que sempre frequantavam o local, dentre eles o vereador César Araújo Veras e Fábio Roberto de Castro Sousa. Assim, a autoria e a materialidade do crime estão devidamente comprovadas, bem como a motivação do crime foi descoberta após a investigação concluída pela equipe da Polícia Civil de Camocim”, diz um trecho do inquérito policial que o g1 teve acesso.

Dados extraídos do aparelho celular de Antônio Charlan com autorização da Justiça mostraram que ele pesquisou antes do crime os termos “funcionário pedindo demissão”, “desrespeito trabalhista”, “trabalhador demitido”, “pagamento errado”, “patrão desrespeitando funcionário”, entre outros.

Além disso, o homem também acessou na Internet conteúdos relacionados a “melancolia”, “tristeza permanente e profunda”, além de “pertinência”.

“Por fim, vale ressaltar que o presente relatório concluiu pela possível existência de problemas psicológicos por parte de Antônio Charlan, podendo ter sido gerado, ‘uma hipótese’, pelo desrespeito aos seus direitos trabalhistas”, diz um trecho do documento.

Ainda conforme o inquérito, também foram analisadas 664 mensagens via WhatsApp trocadas pelo suspeito, porém a polícia não conseguiu extrair nenhum conteúdo criminoso ou algo relacionado ao crime que vitimou o vereador e os outros dois homens.

“Conforme se pode analisar, não existe qualquer conteúdo criminoso, dias antes ou depois do fato que possa ter motivado o investigado, a prática desses delitos.

O garçom trabalhava há 13 anos no restaurante onde o crime aconteceu. Ele conhecia as três vítimas, sendo uma delas seu patrão, e não tinha desavenças com elas.

No decorrer das investigações, a polícia ouviu outros funcionários e ex-funcionários do estabelecimento. Uma das pessoas ouvidas chegou a relatar que trabalhavam “sob muita pressão”.

Antônio Charlan está preso desde 28 de abril, quando foi capturado por equipes do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas no Bairro Tijuca, na saída de Camocim, quando tentava fugir da cidade. A arma usada no crime foi apreendida.

Após a prisão, o homem foi conduzido para a Delegacia Regional de Sobral, unidade plantonista da Polícia Civil na região, onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa e duas tentativas de homicídio qualificado.

FONTE: G1

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