Na última quarta-feira (17), o Ministério da Saúde recomendou a ampliação da vacinação contra a dengue para o público de 4 a 59 anos nos municípios que tenham doses disponíveis, como mais uma forma de combater o cenário alarmante da doença: são mais de 3,5 milhões de casos prováveis neste ano, com recorde histórico de mortes. Apesar disso, o Ceará não recebeu doses da vacina enviadas pelo governo federal. Por quê?
Em fevereiro, o Ministério da Saúde iniciou a distribuição de vacinas contra a dengue. Inicialmente, municípios de 16 estados e o Distrito Federal preencheram os requisitos para receber as doses do imunizante. Contudo, nenhum município cearense estava entre eles.
É que, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), o estado tem ido na “contramão” do cenário nacional. De janeiro a abril, o Ceará teve apenas 2.245 casos de dengue confirmados e um óbito provocado pela doença.
Com o cenário mais brando em relação a estados que enfrentam uma onda de casos de dengue, o Ceará ficou de fora da lista de unidades federativas que receberam a vacina contra a doença.
Ao g1, a Sesa afirmou que “atualmente não há previsão da chegada da vacina contra a dengue no Estado”.
Antonio Lima Neto, secretário Executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, explicou quais fatores contribuem para esse cenário.
“O que tem acontecido, pelo menos nos últimos oito ou dez anos, é que a transmissão de dengue no Ceará (praticamente em todo o Nordeste) tem se mantido baixa em relação à série histórica”, comentou.
Ele disse que o cenário se tornou mais evidente após a pandemia de Covid-19, com vários casos de epidemias vistos no Centro-Sul do Brasil. Uma das causas prováveis é a expansão do mosquito Aedes aegypti para outros estados ligada ao aquecimento global.
“Durante muitos anos, estivemos solitários nessa situação. O Nordeste era onde praticamente se tinha exclusivamente epidemia de dengue; às vezes, com Rio de Janeiro ou Goiás”, lembrou o secretário.
Atualmente, os tipos 1 e 2 de dengue são os que estão em maior circulação. Ambos já causaram epidemias no Ceará, o que contribui para o baixo número de casos no estado, uma vez que a infecção causa, posteriormente, imunidade à pessoa infectada. O secretário, no entanto, disse que não se deve falar em imunidade de rebanho ou coletiva.
“Mas aqui tem uma fração maior da população que não pode ter a doença, em comparação com o resto do Brasil, porque a população já teve [a dengue desses tipos]”, explicou.
Considerada pelo Ministério da Saúde como a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil, a dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Em 2024, o Brasil bateu o recorde histórico de mortes pela dengue, segundo dados do Painel de Arboviroses do governo federal.
Até o momento, o país já registrou 1.544 mortes por dengue, o maior número desde o início da série histórica, em 2000. A título de comparação, em todo o ano de 2023 foram 1094 mortes.
Além disso, o país já registrou mais de 3 milhões de casos prováveis de dengue. Atualmente, já são quase 2 milhões de casos confirmados.
Fonte: G1 CE
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